domingo, 29 de maio de 2011

Suplemento 03 - Metadados, XML e Diplomática

Com a expansão das novas tecnologias e com a crescente demanda social por efetividade e celeridade nos processos de aquisição de informações, é notável também, a expansão de instituições que passam a utilizar essas novas tecnologias, como meios não apenas de difusão e ou controle, assim como meios de produção de documentos. O documento que já nasce em meio digital demanda um cuidado maior, pela facilidade de manuseio dessas informações que por consequência pode afetar o grau de confiabilidade das informações resguardadas por esses documentos.
O papel da Arquivologia nesse cenário atual é justamente garantir que os documentos em meio digital se mantenham confiáveis e autênticos, em condições de servirem a pesquisa histórica e terem seu valor de prova resguardado. Para conseguir garantir esses aspectos é necessário, porém, os ensinamentos da nossa boa e velha DIPLOMÁTICA.
RONDINELLI, em seu livro (Gerenciamento Arquivístico de Documentos Eletrônicos: uma abordagem teórica), aborda que os documentos eletrônicos assim como os arquivísticos convencionais, podem ser identificados e avaliados por meio da análise diplomática. Para tal análise, o documento deve ser objeto de “um processo de abstração e sistematização cujo objetivo é identificar os atributos essenciais de um documento e transportá-los para diferentes contextos históricos e documentários”. Para tanto, é preciso decompor esses documentos nos seus elementos constitutivos. Segundo a autora, os documentos eletrônicos apresentam os mesmos elementos constitutivos dos documentos estudados pelos primeiros diplomatas, sendo apenas um pouco mais elaborados.
A grande dificuldade talvez esteja relacionada ao fato de que no ambiente digital há uma dissolução do estado físico do documento. O suporte pode ser entendido como o “carregador físico” do documento (o HD, o pen drive, o CD etc.), através do qual o seu conteúdo está expresso. Dessa maneira, o documento digital manifesta-se como distinto do convencional (papel), pois o documento convencional apresenta como característica a indissolubilidade do conteúdo e do suporte de armazenamento, enquanto o documento digital:

[...] não tem não tem no suporte um elemento significativo, mas um mero
carregador físico. Assim, a cada reprodução de um documento eletrônico
em que o único elemento que muda é o suporte, esse documento continua
sendo idêntico ao que foi produzido (RONDINELLI, 2002, p. 56).
Para que seja possível então aplicar a diplomática comumente utilizada para os documentos não digitais a Arquivística hoje vem considerando cada vez mais os METADADOS como elementos fundamentais para a garantia testemunhal do documento eletrônico:
André Porto Ancona, em seu artigo Princípios Arquivísticos e Documentos Digitais, ele conclui que: “o metadado é o registro fidedigno capaz de garantir a autenticidade de um documento eletrônico, o qual, nesse caso, confunde-se com sua informação. Não obstante, o metadado garante que o conteúdo informativo não seja desprovido dos dados contextuais da origem arquivística do ato administrativo que o produziu, além de garantir a permanência de seu valor probatório”.

Para a otimização da guarda e acesso dos documentos produzidos em meio digital é necessário descrever de forma fidedigna o modo como esses metadados estão estruturados no documento. Dentre as possibilidades, destaco a linguagem XML que permite especificar a forma de dados dos documentos e suas descrições semânticas. Isso é possível porque a XML não descreve aparências ou ações, mas o que cada trecho de dados é ou representa.
Em outras palavras, a linguagem XML descreve o conteúdo documental e, portanto, permite ao autor/produtor definir suas próprias etiquetas de descrição e sua estrutura própria de documento.
Com essas garantias advindas do produtor é mais fácil garantir aos usuários o acesso a informações de fato autênticas e dispostas do mesmo modo como quando foram registradas no documento.essa de fato parece ser uma faceta interessante para a Arquivologia no desenvolvimento de trabalhos interdisciplinares com a Informática e mais uma vez utilizando as análises possíveis a partir das teorias Diplomáticas.

Meus caros marombeiros, vejamos um exemplo simples de estruturação de uma análise Diplomática e Tipológica utilizando a linguagem XML como ferramenta de disposição e codificação dos campos a serem analisados(o documento em questão é esta singela página que encontra-se diante de seus olhos):


Para quem não quer vizualizar como ficaria em uma página da Internet esta é a estruturação:

<?xml version="1.0" ?>
- <Analise_Diplomatica_e_Tipologica>
- <Especificacao_do_Documento>
  <Denominacao>Pagina de Internet - Relacoes entre Diplomatica e XML</Denominacao>
  <Especie>Pagina de Internet</Especie>
  <Data>Brasilia, 29 de Maio de 2011</Data>
  </Especificacao_do_Documento>
- <Caracteres_Externos>
- <Extensao_Original>
  <Extensao>DOC</Extensao>
  <Software>Word</Software>
  <versao>2007</versao>
  </Extensao_Original>
- <Extensao_Conversao>
  <Extensao>XML</Extensao>
  <Software>Bloco de Notas</Software>
  <vizualizacao>WEB</vizualizacao>
  </Extensao_Conversao>
  <Genero>Documento Digital</Genero>
  <Suporte>Disco Rigido HD</Suporte>
  <Forma>Original</Forma>
  <Formato>3 paginas de Documento no formato .doc</Formato>
  <Signos_Especiais>Nome do Produtor</Signos_Especiais>
  <Endereco_Online>http://arquivoemforma.blogspot.com/2011/05/suplemento-03-metadados-xml-e.html</Endereco_Online>
  </Caracteres_Externos>
- <Caracteres_Internos>
  <Produtor>Marcio Lima - Componete do Blog Arquivo em Forma</Produtor>
  <Receptor>Usuarios da web e que acessarem o Blog</Receptor>
  <Funcao_Administrativa>Estabelecer relacoes entre a Diplomatica e a Linguagem XML</Funcao_Administrativa>
  <Funcao_Arquivistica>Provar elaboracao de postagem na data especificada e que foi produzida por um aluno em especifico</Funcao_Arquivistica>
  <Descricao>Documento produzido em meio digital que trata da analise da importancia dos metadados para a garantia de autendicidade e confiabilidade aos documentos. Contem tambem analise Diplomatica e Tipologica do proprio documento.</Descricao>
  <Tramite>Idealizacao de post, Pesquisa, Elaboracao, Postagem, Publicacao e Acesso</Tramite>
  </Caracteres_Internos>
  <Produtor_da_Analise>Marcio Lima em 29 de Maio de 2011</Produtor_da_Analise>
  </Analise_Diplomatica_e_Tipologica>
OBS: A presente análise foi proposta considerando que tal documento foi produzido primeiramente no WORD e qualquer semelhança com INFODOC é apenas mera coincidência. Em fim... Uma possível aplicabilidade do XML.

Referências:

GAMA, Fernanda Alves da; CURTY, Renata Gonçalves. CONJUGANDO DIPLOMÁTICA E XML: APROXIMAÇÃO POSSÍVEL NO CONTEXTO DA PROVENIÊNCIA DE DOCUMENTOS JURÍDICOS DIGITAIS. Disponível em: http://eprints.rclis.org/bitstream/10760/13249/1/Conjugando_diplom%C3%A1tica_e_XML_aproxima%C3%A7%C3%A3o_poss%C3%ADvel_no.pdf . Acesso em: 29 de Maio de 2011.

LOPEZ, André Porto Ancona. Princípios arquivísticos e documentos digitais. Arquivo Rio Claro, Rio Claro, n. 2, p. 70-85, 2004. Disponível em: http://repositorio.bce.unb.br/handle/10482/1428. Acesso em: 29 Maio de 2011.

RONDINELLI, Rosely Curi. Gerenciamento Arquivístico de Documentos Eletrônicos. 4a Edição. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. 160p.


POR: Márcio Lima - 09/0010523


Artigos Relacionados

0 comentários:

Postar um comentário

Frequentadores